Chega um tempo em que a vida muda o ritmo.
O corpo desacelera, os olhos ganham uma nova profundidade, e o tempo parece escorregar com mais calma entre os dedos.
É um tempo em que as palavras se tornam poucas, mas cheias de sentido.
Um tempo de quietude, de retorno para dentro.

Esse momento — que todos um dia viveremos ou presenciaremos — não é o fim.
É parte do próprio caminho.
Assim como as ondas recuam para voltar ao mar, também nós, em algum ponto da jornada, sentimos que é hora de descansar.

Para quem está ao lado, muitas vezes falta o que dizer. Mas não é preciso muito.
Estar presente com o olhar, com a mão, com o coração tranquilo, já é amor em forma de gesto.
É nesse espaço de silêncio e afeto que os vínculos mais profundos se revelam.

E quem parte, muitas vezes parte em paz.
Porque entende que viveu. Que amou. Que construiu memórias.
Que fez parte da história de alguém.
E isso, por si só, é uma forma de eternidade.

Por isso, ao invés de tristeza, que esse momento nos traga gratidão.
Gratidão pelo tempo compartilhado, pelas conversas, pelos abraços, até pelos silêncios.
A vida é feita disso: encontros que nos transformam.
E quando alguém parte, o que fica é esse rastro de amor, discreto e luminoso, como a última luz do entardecer.

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